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Entenda o que é o Coronavírus e como ele pode afetar a indústria de tecnologia

Devido as novidades que as empresas da indústria de tecnologia foram informando, alguns cenários foram alterados. Nas últimas semanas de fevereiro já se tem um cenário mais amplo sobre a doença. As medidas protetivas já foram disseminadas pelo mundo e muitas informações sobre o vírus começaram a ser espalhadas.

Devido a isso, o subtítulo “Reflexos da doença para o mercado”, logo abaixo neste texto, foi revisto, com as informações extras que aconteceram durante o mês de fevereiro. Também foram atualizados alguns números e dados dos infectados com o Coronavírus.

Desde dezembro de 2019, a China está registrando diversos casos de pessoas infectadas com o novo Coronavírus. A doença tem se espalhado para outras partes do mundo e até o momento já foram confirmados mais de 40.000 casos, superando 1,8 mil mortes (quando esse artigo foi escrito em menos de um mês as mortes ainda estavam em 100). Os pacientes não são apenas chineses, mas são principalmente da Ásia. Entre os países que já tiveram casos da doença estão: Coréia do Sul, Japão, Taiwan, Tailândia, Macau, Hong Kong, Austrália, Singapura, Vietnã, França e Estados Unidos. Apenas uma morte foi registrada fora da Ásia até o momento.

Parte desses locais possuem algumas das maiores fábricas de produtos tecnológicos do mundo. A Coréia do Sul, por exemplo, tem como um dos principais destaques a sede da Samsung, sendo responsável pela produção de diversos produtos da marca. Apenas a cidade de Shenzhen, que liga Hong Kong ao continente chinês, é responsável por praticamente 90% da produção mundial de produtos eletrônicos. Assim, uma crise na saúde desses países podem afetar diretamente a produção.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que o Coronavírus está em estado de emergência global. Isso significa que a organização está convocando todos os países a ficarem em estado de alerta, emitirem informações concretas sobre a doença para a população. Essa é a quinta doença que a OMS emite esse estado, anteriormente foram: a Gripe suína (H1N1) em 2009, a Poliomelite em 2014, a Ebola em 2014, o Zika vírus em 2016, a Ebola novamente em 2018 e agora o Coronavírus em 2020.

“Para o povo da China e todas as pessoas ao redor do mundo que foram afetadas por esse surto, queremos que você saiba que o mundo está com você. Estamos trabalhando diligentemente com parceiros nacionais e internacionais de saúde pública para controlar esse surto o mais rápido possível “ –  Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS

A OMS recomenda que todos os países foquem no desenvolvimento de vacinas e modos para controlar o surto. Outro pedido é que as medidas preventivas sejam aumentadas, principalmente em países com o sistema de saúde enfraquecido. Até o momento já há quase oito mil casos confirmado e as mortes passam de 170. “Devemos lembrar que são pessoas, não números”, disse o diretor da OMS.

Algo curioso nesse caso é o aumento do download de games com a temática de vírus, principalmente pelos usuários asiáticos. Outro ramo importante nesses países é a importação de produtos e muitas pessoas tem medo que o vírus possa ser transmitido por suas compras. Para evitar possíveis problemas, o melhor caminho é se informar bem sobre a situação.

O que é o Coronavírus

Apesar das notícias sobre o Coronavírus serem recentes, essa não é a primeira vez que houve registros do vírus. Ele é conhecido desde meados dos anos 1960 e tem como principal característica causar infecções respiratórias graves. Por essa característica, ele ficou conhecido mundialmente pela sigla SARS (Severe Acute Respiratory Syndrome ou Síndrome Respiratória Aguda Grave, em tradução livre).

Como é uma síndrome respiratória associada ao Coronavírus, também é possível encontrar a nomenclatura SARS-CoV. Esse vírus pode infectar tanto seres humanos quanto animais, sendo seus principais alvos quaisquer mamíferos.  Os principais sintomas apresentados são:

– Febre alta;
– Espirros;
– Tosse;
– Dificuldade para respirar.

Esses problemas podem ser facilmente confundidos com uma gripe forte ou pneumonia, portanto é comum que as pessoas se auto-mediquem ou demorem para procurar um médico.

A combinação SARS-CoV teve alguns dos primeiros relatos em 2002, também em cidades da China. Em um período de um ano ela conseguiu se espalhar para mais de doze países, entre a América do Norte, América do Sul, Europa e Ásia. Ao total, foram infectadas mais de 8.000 pessoas, com cerca de 800 mortes. A epidemia foi controlada em 2003 e desde 2004 não tínhamos mais relatos da doença.

Apesar de a SARS-CoV estar controlada, uma outra mutação do Coronavírus apareceu em 2012. Desta vez, ele ficou concentrado em países do Oriente Médio, chegando até ter registro em alguns lugares da África e Europa. Todos os pacientes identificados com a doença nesse período tiveram contato com pessoas do Oriente Médio, portanto ela ficou conhecida como MERS (Middle East Respiratory Syndrome ou Síndrome Respiratória do Oriente Médio, em tradução livre). A sigla, associada ao Coronavírus, foi chamada de MERS-CoV. 

Infecção

Para ser contaminado pelo Coronavírus, é necessário ter contato com outro ser que esteja com o vírus. É preciso ter contato físico, chamado de “pessoa para pessoa”, mas, como animais também são infectados, contato animal-pessoa também pode transmitir a doença. Ainda não há casos de transmissão sustentada, segundo o Ministério da Saúde. Ou seja, o vírus não está circulando livremente pelo ar.

“No momento, não existe caso suspeito de Coronavírus no Brasil. […] Nós temos o critério clínico em que a pessoa precisa ter febre mais algum sintoma respiratório, mais o critério epidemiológico. A pessoa pode ter um dos três critérios epidemiológicos: ter viajado para cidade de Wuhan, ter tido contato com paciente suspeito de Coronavírus ou ter tido contato com paciente confirmado. Esses são as três situações em que o indivíduo se enquadra como suspeito de Coronavírus” – Julio Croda, secretário substituto de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde

Apesar de ainda não haver infectados com o vírus confirmados no Brasil, o Ministério da Saúde instalou o Centro de Operações de Emergência (COE). O principal objetivo é preparar e garantir que a rede pública de saúde esteja pronta para o atendimento caso surjam casos. Até o momento, há dois suspeitos que estão em observação no Rio Grande do Sul e no Paraná. Você pode conferir o anúncio do Ministério clicando aqui.

A OMS (Organização Mundial de Saúde) atualizou a classificação do vírus. Anteriormente, a Organização considerava-o moderado e agora ele passou a ser um risco elevado. Portanto, é indicado que pessoas que tenham viagens agendadas para os locais de risco, façam o máximo para adiá-las. Para um médico suspeitar que o paciente foi infectado pelo Coronavírus no Brasil, é necessário que a pessoa apresente os sintomas e tenha tido contato com alguém das cidades contaminadas.

Locais de risco

Como citado pelo Ministro Substituto da Vigilância da Saúde, Wuhan, uma cidade de 11 milhões de habitantes, é a origem do surto. Já houve três casos confirmados de estrangeiros contaminados na cidade. Alguns países já estão removendo os cidadãos dos locais com maior incidência de contaminação e os trazendo para seu país de origem. Alguns deles são: EUA, Japão, Jordânia, Índia e França. A China também está barrando viagens turísticas para a cidade, a fim de conter o Coronavírus.

Crédito: Gráfico de G1. Dados atualizados em 26/01/2020. Fonte: National Health Commission of the People’s Republic of China

primeira vítima fatal do vírus foi em Xangai, a maior cidade da China e considerada núcleo financeiro global. Segundo a agência Reuters, já foram confirmadas que 1.975 pessoas tiveram o diagnóstico da doença no país. Dessas, 49 receberam o tratamento adequado e estão curadas.

Reflexos da doença para o mercado

Para evitar o contágio descontrolado, as autoridades da China prolongaram o feriado de Ano Novo Lunar. Isso permitiu que muitos funcionários não fossem trabalhar até pelo menos o dia 2 de fevereiro. Mesmo com essa atitude, o pico da doença foi atingido no dia 1 de fevereiro. Algumas empresas indicaram que os funcionários trabalhassem de casa, já outras sem a opção, perderam alguns dias de produção.

Para entender melhor qual foi o real impacto da doença na produção da indústria de tecnologia, a eTrendForce realizou um levantamento que mostra os danos causados até agora. De acordo com a previsão, setores como smartphones, notebooks e consoles devem sofrer com quedas nas vendas por causa das alterações feitas no mercado chinês.

A tabela acima mostra como isso pode impactar em diferentes segmentos. Segundo o levantamento de dados feito pela empresa, o impacto deve ser maior para dispositivos móveis e gadgets. O principal atingido deve ser as vendas de smartwatches, que podem ter queda de até 16% por causa do coronavírus. Os notebooks ficam em segundo lugar com uma queda de 12,3%, enquanto o mercado de alto-falantes inteligentes deve ter um recuo de 12,1% na produção durante os três primeiros meses do ano.

Apesar do setor automobilístico ser uma das principais preocupações no início do surto do vírus, ele aparece na tabela em último lugar, com perdas de 8,1%. A cidade de Wuhan tem fábricas de empresas como: General Motors, Nissan, Renault, Honda e PSA. Todas essas fabricantes emitiram comunicado sobre o vírus e muitas delas fecharam as portas temporariamente.

O porta-voz da GM, Jim Cain, disse que a empresa está atenta ao desenvolvimento do caso e, apesar de não ter fechado a fábrica, aconselha os funcionários que estiverem se sentindo fracos ou com algum sintoma do vírus a faltarem o trabalho. “O mais importante é conter o vírus – a produção é secundária à saúde da equipe e da comunidade”.

Algumas outras grandes empresas, como o Alibaba Group Holding e a Tencent Holdings, emitiram comunicados dizendo que os seus funcionários poderiam trabalhar de casa até o final do Ano Novo Lunar. A comemoração ocorreu no dia 25 de janeiro, portanto os funcionários não devem se encontrar pessoalmente até pelo menos dia 1 de fevereiro.

E além das decisões de cada empresa, algumas cidades estabeleceram a sua própria medida para conter o vírus. Xangai anunciou que todas as empresas devem fechar as portas até o dia 9 de fevereiro. A cidade vizinha, Suzhou, também adotou uma medida muito semelhante. Essa decisão do governo afeta a produção de empresas como: Tesla, General Motors, Huawei, Siemens, entre muitas outras.

A gigante chinesa Xiaomi, que vende os mais variados produtos eletrônicos, mas principalmente smartphones, anunciou que também vai fechar suas lojas em várias cidades da China entre os dias 28 de janeiro até 02 de fevereiro de 2020. A empresa emitiu um comunicado de imprensa explicando a sua decisão.

É esperado que o volume de produção de smartphones tenha queda de 10,4%. A projeção atual é de que 275 milhões de dispositivos móveis sejam feitos até março, antes do surto era esperado que 307 milhões de unidades fossem fabricadas.

Os consoles também devem ter queda. A tendência é que a epidemia cause uma queda de até 10,1% nas vendas, o que altera a previsão de dispositivos comercializados de 6,9 milhões para 6,2 milhões. De acordo com especulações, o lançamento do PS5 e Xbox Series X pode ser atrapalhado pela epidemia.

“Vamos cooperar com os governos em todos os níveis para fazer um bom trabalho na prevenção da epidemia, responder de forma abrangente e ativa às políticas e medidas nacionais […], além de preservar a saúde dos cidadãos expostos à doença. A Xiaomi House retomará as operações em 3 de fevereiro de 2020 e será notificado separadamente se houver algum ajuste.”  Comunicado da Xiaomi.

Essa medida adotada pela Xiaomi é preventiva e segue as exigências do governo. Com a alteração da classificação do vírus pela OMS, é esperado que mais indústrias também decidam fazer um recesso para evitar maiores contágios.

Gearbest, importante site de importação de produtos da China, confirmou que está permitindo que os seus funcionários suspendam sua rotina de trabalho. Isso significa que muitos setores da empresa estão parados.

Outro grande impacto são nos grandes eventos de tecnologia que acontecem ao longo do ano. Muitos deles estão marcados ainda para o primeiro semestre, como é o caso da MWC (Mobile World Congress). Como muitas empresas possuem sede na China, ou em países asiáticos que estão com alerta de segurança máxima, algumas empresas já cancelaram a sua participação. Como muitas expositoras importantes cancelaram a sua participação, a organização da feira decidiu cancelar a edição de 2020.

A doença afeta em muitos sentidos. Os aeroportos estão em estado de emergência, voos com muitas conexões também exigem mais tempo esperando. Isso representa um grande perigo para as pessoas. Apesar disso, a organização do MWC afirma que vai seguir com a programação, conforme o planejado. A Computex, que acontece apenas em junho de 2020, também fez um anúncio avisando que não iria alterar a data do evento.

Conversamos com a distribuidora Oderço, de produtos eletrônicos no Brasil, e o gerente de produtos Victor Pruner, afirmou que os atrasos devem atingir o Brasil em breve. Isso porque ainda há alguns contêineres no mar, com alguns pedidos. Apesar disso, a reposição do estoque pode voltar a ocorrer normalmente apenas em maio. Ele também afirma que “quando prejudica a produção, o preço sobe”.

Coronavírus e o aumento de downloads de jogos

Recentemente, houve um grande número de downloads do game Plague Inc, principalmente por usuários da China. O jogo é de estratégia, e o principal objetivo é fazer com que uma doença seja espalhada mundialmente. Esse game não é recente – foi lançado em 2012 e, com o aumento do Coronavírus, chegou a ter até 18 mil jogadores simultâneos, segundo o site Steam Charts.

Ele pode ser jogado em dispositivos mobile, Android e iOS, mas também está disponível na Steam para jogadores de PC. O interesse crescente pelo game fez com que a empresa responsável pelo seu desenvolvimento, a Ndemic Creations, fizesse um pronunciamento oficial a respeito do jogo e do vírus.

“Nós criamos o jogo para ser realista e informativo, tomando cuidado para não dar uma visão sensacionalista de problemas graves do mundo real. Isso foi reconhecido pelo CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) e outras organizações médicas de todo o mundo. No entanto, lembrem que Plague Inc. é um jogo, não um modelo científico. O atual coronavírus é uma situação real que está impactando um grande número de pessoas. Nós sempre recomendamos que os jogadores pesquisem mais informações com as autoridades de saúde locais.”
– Comunicado da Ndemic Creations.

O jogo de proliferar pragas pelo globo se tornou o mais baixado na App Store chinesa, para iPhones, iPads e Mac. O título também está disponível para Android e pode ser baixado de graça na Play Store. A edição Evolved pode ser adquirida no PS4, Xbox One e Nintendo Switch.

E os produtos que eu encomendei da China?

Muitos brasileiros ficam em dúvida se as encomendas de produtos da China correm algum risco. A maior preocupação é se o vírus consegue sobreviver em produtos e podem fazer o contágio de pessoas pelo contato com esses objetos. Como a maioria dos vírus do mesmo tipo que o Corona, ele sobrevive pouco tempo fora de um organismo, portanto ele não vai sobreviver a longa viagem até chegar nos portos brasileiros. O contágio, assim como já falamos, é feito por contato de pessoa para pessoa.

Para neutralizar ainda mais, caso tenha alguma preocupação extra, você pode lavar o produto com um detergente simples. Caso seja um dispositivo eletrônico, um pouco de álcool em um pano já é o suficiente. Mas não, ainda não há nenhum registro de contaminação por objetos ou pelo ambiente.

A possibilidade real é que o tempo para suas encomendas chegarem seja ainda mais longo. Isso porque muitas cidades importantes estão deixando as pessoas em casa, sem ir trabalhar, o que pode acarretar em mais tempo para que o processo de entrega seja feito.

Como já foi falado, um dos sites mais comuns para a importação de produtos eletrônicos, entre outros, o Gearbest, está suspendendo os seus funcionários. Com os trabalhos parados, a movimentação no site também será menor, com menos promoções e também atraso nos pedidos.

Medidas protetivas

O Coronavírus é uma doença séria e muito grave. As medidas adotadas tanto pelo governo quanto pelas empresas privadas visam o fim do contágio em massa. Os aeroportos estão em estado de alerta para que qualquer vestígio de pessoa infectada que estiver circulando tenha as medidas certas feitas no período mais curto possível. Os voos estão tomando medidas de precaução, o que pode resultar em diminuição do fluxo para esse importante país.

O afastamento de grandes aglomerações são essenciais para evitar que esse vírus afete mais pessoas. O fato do auge da doença acontecer no Ano Novo Lunar – que é uma data comemorativa na China, onde as pessoas viajam para visitar amigos e familiares ou mesmo conhecer novos lugares – agrava a situação. Isso porque o contato aumenta, assim como a passagem em meios de transporte como trens e aviões.

O governo também construiu um hospital totalmente dedicado para tratar dos pacientes contaminados na cidade da origem do surto, Wuhan. A construção foi feita em 20 dias e já foi anunciado que uma segunda unidade vai ser construída em 15 dias. Você pode encontrar mais informações na matéria abaixo, feita pelo jornal O Globo.

Por fim, caso tenha qualquer dúvida sobre o Coronavírus, acesse o site do órgão responsável na China, o Ministério da Saúde, ou a OMS. Evite repassar informações sem checar se o conteúdo é verdadeiro. Isso vai ajudar a conter informações falsas, que podem gerar alarde desnecessário na população.

Fonte: Mundo Conectado

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